terça-feira, 8 de março de 2011

Mexendo a carne moída: HD - ou, Hard Disk

Mexendo a carne moída: HD - ou, Hard Disk: "Eu tive um surto. Foi uma crise, numa hora eu estava lá e na outra já não estava mais. Estava mas não estava. Meu corpo era meu mas o..."

Wikipédia.


Agorafobia (do grego ágora - assembleia; reunião de pessoas; multidão + phobos - medo) é originalmente o medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão. Em realidade, o agorafóbico teme a multidão pelo medo de que não possa sair do meio dela caso se sinta mal e não pelo medo da multidão em si. Muitas vezes é seqüela de transtorno do pânico.
A agorafobia poderia ser traduzida mais precisamente como o medo de ter medo. É a ansiedade associada a essa perturbação, classificada como antecipatória, já que se baseia no medo de se sentir mal e não poder chegar a um hospital ou obter socorro com facilidade. A antecipação da sensação de mal-estar é tão intensa que pode originar um episódio de pânico. É uma perturbação marcada por um estado de ansiedade exacerbada, que aparece sempre que a pessoa se encontra em locais ou situações dos quais seria difícil sair caso se sentisse mal (túneis, pontes, grandes avenidas, ônibus lotados, trens, barcos, festas, ajuntamentos de pessoas etc.).
Diferentemente da maior parte das pessoas, que sequer se preocupa com esse tipo de coisas, o agorafóbico não consegue desvincular-se dessas crenças irracionais, o que pode levar a comportamentos de fuga em relação a situações potencialmente ameaçadoras (ir a cinemas, concertos, centros comerciais etc.), limitando cada vez mais a sua qualidade de vida.
No clímax do problema, tais pessoas só se sentem verdadeiramente bem em casa (de preferência, acompanhadas) ou no seu carro – por ser visto como um prolongamento do lar por funcionar como um meio rápido para lá chegar, em caso de aflição. O agravamento da situação condiciona de forma brutal o cotidiano dessas pessoas. Atividades simples como ir ao supermercado, ao cabeleireiro ou ao ginásio deixarão de poder ser concretizadas sem acompanhamento, visto que o agorafóbico tenderá a pensar “E se eu me sentir mal, quem é que vai estar lá para me ajudar?”.
Esse isolamento progressivo faz com que alguns casos de agorafobia se confundam com situações de fobia social. Mas tais perturbações são diferentes. Por exemplo, uma pessoa que sofre de fobia social teme entrar num local público porque receia que todos fiquem olhando para si (medo do julgamento das pessoas). Assim, até pode conseguir freqüentar esses espaços, mas esforçar-se-á por passar despercebida, sem ser notada.
Pelo contrário, o agorafóbico não teme ser avaliado pelas pessoas que freqüentam aquele espaço – ele teme não ter a quem recorrer caso se sinta mal. Do mesmo modo, tais pessoas podem desenvolver o medo de andar de elevador, dando vazão à claustrofobia, que é outra manifestação possível da agorafobia.
Tal como acontece noutras perturbações, os comportamentos fóbicos podem existir em níveis variáveis de pessoa para pessoa, pelo que nem sempre é necessário recorrer à ajuda especializada. Algumas pessoas poderão identificar-se com pequenos indícios das manifestações descritas anteriormente, sem que isso implique que possam ser rotuladas de agorafóbicas.
O mais importante passa por identificar quaisquer comportamentos de fuga que estejam a condicionar o seu dia-a-dia e tentar vencê-los, até que praticamente desapareçam - o que pode ocorrer. Enfrentar pouco a pouco esse medo infundado é o caminho para vencer a agorafobia (através do auto-entendimento de como se processa essa fobia), além de se lançar mão dos medicamentos disponíveis, como ansiolíticos e antidepressivos.


HD - ou, Hard Disk




Eu tive um surto.
Foi uma crise, numa hora eu estava lá e na outra já não estava mais. Estava mas não estava. Meu corpo era meu mas o dono dele abdicara totalmente do desejo de comanda-lo.

 Estava na minha unidade, já havia separado meu material de bolso ( pra que chamar de material de bolso se não cabe no bolso? um  esfigmomanometro  digital, um termometro tambem digital, caneta, marcador, tesourinha de ponta romba, garrote, tampinhas de sistema, rolo de micropore ... entre outras coisas) na minha bandeja e ia ver o  livro da passagem de plantão, saber quem seria meu protegido do dia, ou, quantos seriam eles. Quem seria ganhador de toda minha atenção e alegria do dia? É, não é correto, eu sei, mas têm paciente que a gente se apega, gruda nele feito chiclé de bola... da mais sorrisos, dá uma massagem de conforto melhor realizada, olha com mais ternura e mais tempo. Tempo... se eu pudesse daria minhas doze horas para cada um dos meus pacientes, todos merecedores, seja lá qual for sua estória ou história de vida... Mas hoje eu não teria tempo...

'Tava' tão enjoada que a primeira coisa a fazer  não foi separar a roupa de cama de ninguém e sim correr para o banheiro dos fundos da TMO ( Transplante de Medula Ossea ) e esperar a nausea passar...e ela não passava, ao contrário, ficou mais forte...do que eu.

Minha 'amiga' de enfermagem ( quem faz enfermagem sabe que o termo 'colega' não cabe numa UTI, ou na Oncologia, que é onde eu trabalho ) me ajudou a ir até o PS...onde cheguei já em crise, sentada em uma cadeira de rodas que eu nem sei, francamente, de onde veio...só me lembro de pensar que a imagem de uma enfermeira, toda de branco, em uma cadeira de rodas no Pronto Socorro, não daria uma boa impressão à doente nenhum que fosse.

Pronto, já não era mais eu, era uma outra pessoa, uma criatura que sentia medo só de pensar que seu oxigênio iria acabar, de repente, de um minuto assim, do nada. Medo, nunca sentí tanto medo, nunca sentí minha pressão tão alta, os ouvidos estampindo, explodindo...As vozes das outras pessoas  me  enlouquecendo, super altas...e falavam, falavam ( e como falavam!  ) e não fazia sentido algum para mim o que falavam...nenhum.

Afere sinais vitais, PA 15x11 , batimentos no espaço, coração na boca seca, a unica coisa que parecia ficar molhada o tempo todo eram os olhos, que não paravam de chorar. Coloca esse comprimido sublingual de Diazepan, espera, vai ficar boa, filha olha só quanto oxigênio tem nesta sala, que medo bobo, relaxa, respira de-va-ga-ri-n-h-o-o-o-o.

Você tá boa querida? fala comigo amiga? consegue acompanhar o que eu digo? pra que chorar? tua família tá vindo...







Estamos no carnaval, hoje é terça... estou há 4 dias sem frequentar o Hospital Dia..e sinto que algo está errado, meu ar está rarefeito, minha alimentação vai me asfixiar assim que eu me deitar, o prédio vai ruir...eu não sei , mas... sinto falta de lá. É como se lá, e não aqui, fosse meu lar, minha casa, minha família ...

Quero voltar pra casa...mas...que casa ?
Ainda não  falei sobre o Hospital Dia...eu sei que não...

domingo, 6 de março de 2011

Dia de hospital

Eu não sou uma escritora ou uma blogueira que seja, sou sim uma puta de uma curiosa que adora escrever sobre tudo e principalmente, sobre todos. Minha paixão declarada  e descarada? Pessoas.

Amo observar os diferentes tipos de pessoas, seus corpos, estaturas, relações interpessoais, gestuais. A rua, para mim, é um templo, cheio de divindidades. Claro que cada divindade tem um aspecto proprio, assim como eram as divindades gregas,  mitológicas, dos contos de fadas e etc. Ou seja, a rua é minha igreja e minha religião. Mas não veja se iludir com um detalhe, talvez esse o mais importante : eu não sou das ruas.

Eu sou uma dessas pessoas que vive,a maior parte do tempo, do seu proprio tempo, a vida dos outros. E sempre foi assim. Eu era a filha do mecânico com a enfermeira e irmã da loira baderneira da escola, neta da dona nonna que era a mulher que regia a vida do meu pai e neta também da dona vovó, tadinha, que vivia reclamando da propria saúde e rezando a deus que a levasse logo para junto do meu avô, um homenzinho pequeno, magro, meio pardo que cheirava a a cigarro  e a sangue de boi, não o vinho barato, e sim o açougue onde sempre trabalhou...ah é, ele também cheirava a alcool, bebia sua pinga diaria, a do dia e a da noite... talvez, e isso tentando não fazer  julgamentos, para poder chegar em casa quase que dopado e dormir, sem ouvir as ladainhas da  vovó.
 Meu avô paterno eu nunca conhecí, existe um mito, uma magia a respeito dele...e isso, essa magia só mostrava o lado que ele  já fora casado e que, levado pela beleza juvenil de minha nonna a engravidara e que fujira para outra cidade, no escondido da noite, para assim viverem sua histôria de amor, história  essa que terminou antes do meu  pai nascer e que deixou nossa matriarca italiana completamente envergonhada e sola.

Fui uma criança normal? ...sempre me pergunto disso. Será mesmo que eu  fui ao menos uma criança? Lembro das crises do meu pai, um bipolar jamais assumido que acabou com minha vida...pelo menos ele tentava isso, ou tentou...as  8.99876.456 vezes em que dirigiu uma palavra ou um olhar pra mim.

Minha mãe era atendente de enfermagem, profissão que nem existe mais...logo a minha também não existirá, logo  sou minha mãe, hoje e amanhã. Mamãe tentou criar bem suas filhas, as duas que teve. A outra e eu. Somos muito diferentes, dedos de uma mesma mão e diferentes a beça.
A outra é loira, estatura mediana, ops, não, alta...é que ela ficou gordinha e parece bem menor que eu agora. Não nos damos bem, eu falo com ela e tudo o mais que as irmãs fazem... mas bem menos do que as irmãs dos outros fazem. Queria que fossemos mais amigas, íntimas...e que frequentassemos nossas  casas com mais frequência.É, mas não foi o que aconteceu, um milagre pos primos se amarem tanto...e graças a Deus milagres existem.

Obveo que eu tereiu onte de coisas para contar aqui,  mas, coo vovês pode notar, já tomei minha medicação e...preisico reposar, tentar dorir...tirar essa sensação de oco da cabela...amanhã é dia de HD, e é sobre isso qyue começaos a falar amanhã, tá?

Boa noite ,aproveitem seus sonhos,
Patrícia.